sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Eu robô

Sonhei que haviam tirado-me os membros.
Substituídos por outras partes.
Anatomia modificada
Fios e circuitos no lugar de articulações
fluídos...nada de sangue.
Nada mais que segurança
para mim mesma.

Sonhei que haviam arrancado-me os pés,
braços, coxas, pernas e mãos
outra mutação, outra modificação.
Eu, robô.
E dentro do meu corpo,
esses compartimentos secretos
cheios de inteligência artificial.
Nocivas. Partes com pensamento próprio.
Pensamento se assim podia chamar.

Meus membros robotizados
não podiam me ferir.
Umas tais leis da robótica. 
Nunca ferir os seres humanos
Seja la qual for o principio
Nunca ferir humanos.

Castigo cruel me deram
substituíram a textura macia da minha mão
por um gélido metal
E o meu sentir e tocar
se tornou apenas uma lembrança 
em algum lugar do cérebro....

Eu robô
continuei.
Aos poucos desintegrei...
Fui-me enferrujando...
que serventia
tem para um poeta como eu
mãos de aço?

A um canto me misturei
com a sucata.
e a ferrugem me corroeu
mas me encontraram
e me refizeram...
Acho que fui amaldiçoada
com o ciclo infinito do existir...
Eu robô
despertei...
Daquele sonho..

E me toquei.
Que bom era o tato...
o sentir das minhas mãos.

2 comentários: