sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

A caixa


A minha caixa é um lugar confortável.
Tem travesseiros macios,
cobertores muito quente
Tem o John, e tem meu novo amigo Roger.
John é um urso de pelúcia, sempre muito solícito, meu melhor amigo,
sempre disposto a me ouvir.
E Roger, Roger é um boneco de fantoche
muito eloquente, com seus conselhos muito contumazes.
A minha caixa tem músicas,
fosse eu bonita,
fosse eu esbelta
certamente seria uma bailarina 
dentro daquela caixa.
Lá não chove, 
de lá de dentro não ouço vozes.
Lá dentro tem um paraíso.
às vezes eu me atrevo a sair da minha caixa.
John me traz a chave da corrente que prende meu pé lá dentro, e move a bola de ferro que não me permite caminhar.
E então eu venho cá fora ver o sol.
Ver as nuvens
e quando cá fora estou vejo pessoas.
E são esses segundos que estou cá fora,
que me fazem querer voltar para a caixa.
Quando cá fora estou 
me botam olhares
esperam coisas de mim...
Expectativas. Há algo que eu mais odeie do que isso?!
Volto pra caixa.
Para os travesseiros macios
e para os cobertores quentes.
John cuida das minhas feridas,
Roger me passa um sermão daqueles.
Tranquilo Roger,
Obrigada John. 
Já sei qual é meu lugar.

2 comentários:

  1. Essas tuas poesias tem o poder de afastar toda e qualquer visão crítica ou analítica que eu possa ter sobre elas... Sobra-me o prazer. Beijos!

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