terça-feira, 27 de maio de 2014

Voo

Aquilo que podia assustar
pessoas,
aquilo de andar de pés descalços por todo o chão
de vestir quase nada,
de olhar para o nada
e pensar em quase tudo
de atrair a escuridão.

Aquilo do qual todo mundo corre
tesouros que trazem criaturas
criaturas que se aproximam
olhos que não podem ver.

história que explícita nunca será contada
escuridão da alma,
riso de um por-do-sol na calçada.
Sem muita proximidade.
Olhar a lua,
as nuvens sendo levadas pelo vento
não, o céu não está se movendo.

Aquilo de cristalizar na luz do sol
de segurar as criaturas nas mãos
alimentá-las com pedaços de si
Aquilo...

Um pássaro se tornou vários.
Eu tinha muitos pássaros nas mãos...
E quando todos eles voavam...
aquele abrir de asas
aquele alcançar o céu,
aquele debruçar sobre a janela
aquele tentar alcançar e não poder...

aquele sorrir embevecido,
eu sempre amarei o
Voo.
Dos meus pássaros.

Chamado

As paredes de vidro se ergueram mais alto.
Os dias se perderam nas noites intensas
ou foram as noites que se perderam nos dias.
E as paredes de vidro não param de se erguer.

Eu me apoio numa delas, arrasto os dedos no vidro. Sopro. Desenho.
Vejo meu reflexo.
encosto o rosto
lá fica a marca da minha lágrima.

Meu reflexo rir de mim.
Ri e é assombroso.
Eles contam essas historias
sobre almas que se perdem de seus proprios corpos.
E nunca poderam voltar...

Sem esperança eu vejo os dias passarem.
A contagem se cumpre.
E eu vejo fios dos meus cabelos sendo levados
pelo vento.
Onde irão?

Eles nunca dizem
que vamos nos perder...
eles nunca dizem que o caminho que seguimos
é direto para a solidão.

Daquelas paredes de vidro
Por dias eu tenho chamado...
Chamado e chamado...
por você.

Por dias e por dias
eu te concedi o último fio de esperança,
naqueles fios de cabelo que o vento levava
Por dias chamando você...

As paredes de vidros
se transformaram em espelhos
refletindo seu próprio mundo.
E o meu ficou oculto.

Por dias e dias chamando...
perdida e ferida o bastante para morrer,
E quando a luz raiou
e dispersou minha escuridão,
Todos os espelhos quebraram
todos os portões se abriram
e eu desapareci.

domingo, 11 de maio de 2014

Nenhum pedaço de esperança

Esperei
por um pedaço de esperança.
Desde a noite anterior
ao raiar do dia.
Não havia esperança.

Servi café frio. Mantive a calma,
Olhei ao meu redor.
A solidão dos dias triste continua ali
me esperando.
Nada de esperança.

Ele tocava violão com os cabelos despenteados
Eu chorei por uma semana inteira.
Esperando, por um pedaço de esperança
Que deveria ter caído do céu.

Olhei as pessoas com seus celulares.
As que se empurravam,
as que se amavam e brigavam -
Aquele cara que foi meu e sua guria.

Tudo numa harmonia.
Mas eu estava esperando pela minha suposta esperança.
Sentada, olhando pros lados. Abotoando os botões da minha camisa.
Imaginando os carros correndo pela estrada.
Freando, batendo-se...
e seguindo, sua própria fé.

Eu fiquei esperando, a esperança
O coração batendo,
batendo... devagar,
Até que finalmente parou..
Nenhum pedaço de esperança.

No silêncio de um existir

Olá, Olá
o vazio não responde.
Bato na porta.
Ninguém abrirá.
Não estou do lado de fora
pedindo pra entrar
eu estou do lado de dentro
pedindo pra sair.

A minha voz se reproduz em eco,
meu som é desregular
Meu mundo é lunar
Já, já vai trovejar
e estrelas vão cair.

Olá, Olá...
A voz de dentro pede pra escapar
a voz de fora amordaça...
e a gente fica aqui
presa nessa caixa de vidro.
No silêncio de um existir.

sábado, 3 de maio de 2014

Essas histórias dos meus sentidos

Com saudade te escrevo cada palavra
que é ferida com a tinta da caneta
Caminho, meio, a forma
a lembrança que ainda
vive em mim
tem teu rosto, tem tua cara,
coisa rara
que vivi...
que vivo.

Com saudade presente
te sinto
doçura do meus lábios
asas das minhas costas
auréola do meu coração
Tu fostes a minha outra metade
parte da minha
vida
Todo o meu coração.

Fizestes mistérios dos dias
orvalhando o meu olhar
passou, passou tanto tempo
até poder sussurrar teu nome.
E depois poder degustar.
O que me fazia dizer
em silêncio e sem parar
de novo teu nome
teu nome.

Com nostalgia aqui
entre mim e você, recordo,
Doçura beleza,
eu podia ter certeza
de alguma coisa
qualquer coisa
certo aspecto de de ternura
criatura minha
e eu criatura tua.

Fomos esses espaços
que se preenchem
que se completam
você minhas asas de voo
e eu sua pista de pouso.

E era terno, perfeito demais
para se dizer
para se reter
em palavras
sentir por si só era inacreditável,
Afastar, Jamais.
Sempre perto, sempre perto demais
e ainda assim era pouco.

E você era bom demais para existir
era bom demais
para ser para mim.

Então se me lembro bem...
se bem me lembro
naquela chuva,
chuvisco de nada
que grudaram meus cabelos na cara
e eu deixei o guarda chuva cair
e vi que você podia ir
sem mim.
Algo estalou, acordou liberto,
içou minhas asas
e voou.

Talvez eu não entendesse
que a chuva me mostrou
até que você retornou
me abraçou e beijou
e beijou e beijou

Relembro com saudade
mas não com vontade,
porque movo a cabeça pro lado
e você está aqui,
Largo a caneta.

Te olho nos olhos,
Talvez dentro da alma
você faz sua morada
aqui dentro de mim
E é essa atmosfera
que confirma a história
que um dia vivemos
e continuamos vivendo
eu e você.

Perto demais

Foram aqueles olhos
labirintos mentirosos
retinas de dimensões
tristezas e solidão.
o mundo é uma deliciosa mentira
e todo mundo gosta de uma
boa mentira.

Gosta de boas mentiras ao acordar
Deliciosas mentiras sobre o porque
foram aqueles olhos
trises histórias incompletas
Sem rumo, sem direção.

Mas  vez ou outra
São esses olhos
quase se perdem no abismo
ou quase  se encontram na luz
e então há um pouco de paz.
São esses olhos os meus...
São esses olhos os teus...

Em algum momento,
São nossos olhos.
Perto demais.