terça-feira, 27 de maio de 2014

Chamado

As paredes de vidro se ergueram mais alto.
Os dias se perderam nas noites intensas
ou foram as noites que se perderam nos dias.
E as paredes de vidro não param de se erguer.

Eu me apoio numa delas, arrasto os dedos no vidro. Sopro. Desenho.
Vejo meu reflexo.
encosto o rosto
lá fica a marca da minha lágrima.

Meu reflexo rir de mim.
Ri e é assombroso.
Eles contam essas historias
sobre almas que se perdem de seus proprios corpos.
E nunca poderam voltar...

Sem esperança eu vejo os dias passarem.
A contagem se cumpre.
E eu vejo fios dos meus cabelos sendo levados
pelo vento.
Onde irão?

Eles nunca dizem
que vamos nos perder...
eles nunca dizem que o caminho que seguimos
é direto para a solidão.

Daquelas paredes de vidro
Por dias eu tenho chamado...
Chamado e chamado...
por você.

Por dias e por dias
eu te concedi o último fio de esperança,
naqueles fios de cabelo que o vento levava
Por dias chamando você...

As paredes de vidros
se transformaram em espelhos
refletindo seu próprio mundo.
E o meu ficou oculto.

Por dias e dias chamando...
perdida e ferida o bastante para morrer,
E quando a luz raiou
e dispersou minha escuridão,
Todos os espelhos quebraram
todos os portões se abriram
e eu desapareci.

Nenhum comentário:

Postar um comentário