quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O lixo




Desta caminhada estou farta.
Farta de cotar meu amanhã,
E descobrir que ele sempre vai estar em baixa.
Farta de desejar a liberdade,
E estar presa em mim mesma.
Farta da demagogia que carreguei, acreditei, semeei, e destruí.
Estou farta também do sorriso das gentes...
Que só amam por fora e por dentro são ocas...
Tão vazias quanto eu.
Mas eu disse a verdade.
Eu sou vazia.
Vazia de amor, de sentimentos e de tonalidades.
Estou sempre cinza.
E isso me deixou farta.
Também estou farta do lixo que amontoou em minha porta.
Eu quis varrer para fora, mas a prefeitura não deixou colocar no aterro.
Risco de contaminação.
Tentei queimar, mas as pessoas de bem em prol de ambiente disseram que eu fazia mal.
Eu fazia mal. Eu sempre fiz o mal... e ninguém quis me parar, eu sempre fiz o mal a mim mesma.
Com essas dores do amanhã que me atormentavam hoje.
Ninguém nunca quis me parar. O lixo na minha porta começou a incomodar os vizinhos.
E vieram me perguntar o que era.
Eu lhes disse: é poesia.
Poesia? Como Drummond, como Fernando Pessoa?!
Eu ri, ironicamente.
Não meus caros, é lixo. É o lixo extirpado da minha alma.
Quase cancerígeno. Contagioso.
Um deles se aproximou, querendo tocar.
Não toque! –Gritei.
Então uma menina, quase um anjo, pegou uma das folhas de papel rabiscadas, e amassadas.
“Moça isso é reciclável.”
Eu lhe sorri e estendi a mão.
Pronto, querida, você está contaminada. 

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

A vida é pequena até para a hipocrisia


Não me tome por hipócrita,
Não me julgues uma farsa.
Eu não tenho por que falar de mim...
Eu não tenho por que dançar essa valsa...

A vida tem tantas outras coisas lindas!
Fora de mim o mundo é amor,
O mundo é paixão...
Mas aqui dentro é só horror.

Não me tomes por hipócrita
Se eu não danço a tua canção,
Se eu não me inclino para te aplaudir,
É porque não tocaste meu coração.

A vida é assim, e não me julgues hipócrita apenas.
Porque não respeitei as açucenas,
E as peguei para mim.
A vida meu caro, até para hipocrisia,
É muito pequena. 

Repetições


Isso que você ver é repetição
Repetem-se as horas, os dias,
Os nomes das pessoas.
Essa história maldita.
E essa falsa poesia.

Tudo é repetição,
Repetem-se os erros,
Repetem-se as mazelas,
Chuvas caem, causam enchentes.
Furacões causam tragédias,
Mas isto tudo já aconteceu antes.

Tudo isto já aconteceu,
O abraço prometendo tudo.
O Adeus destruindo o coração.
Tudo, tudo já aconteceu.

Então, então por quê? Diga-me.
Ainda acredito em cada vez,
Que ao som de piano,
Um desses Vinícius me dizem: - “ Eu te amo?”

Se eu sei o ciclo infinito
Se eu sei que tudo é repetido
Por que eu caio sempre nessa repetição?

domingo, 16 de dezembro de 2012

Laços




Segurava teus dedos suavemente
Como um náufrago se segura à jangada,
Que por ventura salvará sua vida
Assim também segurei teus dedos.

Tocava-te o rosto como um escultor,
Procurando gravar os traços
Que esculpiria para sempre
No mármore da minha mente.

Beijava-te ardentemente, sorvendo essa essência vibrante
Que uns chamam de amor, e eu não podia limitar com palavras,
Porque quando me tocava era mágico
Exuberante momento de peles a se tocar...

Mas desfez-se. Tudo se desfez no momento seguinte,
Em que meu coração entreguei.
Malditos pássaros que voaram. Malditas flores que se despedaçaram...
Malditos laços que se desfizeram.

Maldita vida que me secou!
Deixando espectros pelas paredes
Sussurros e palavras não ditas
Murmurando, murmurando.

E o toque se desfez, eu já não segurava teus dedos.
Gravados teus traços, esculpidos na minha mente
E o peito gritando aquele sentimento que era maior que o amor
No fim, apenas me restou, recolher o cenário dessa cena.

Adeus também amor. Desfaço agora o último laço.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Mimetizando



De Tanto não querer existir
Acabei mimetizando,
Transformando-me
Misturando-me
Com os móveis da casa.

Perdi minha identidade,
Aquela vontade de querer viver...
Basta-me existir, como qualquer outro ser.
Inanimado.

E ninguém notou. Permanecia sentada naquela cadeira,
Fundindo a minha essência e a dela...
E me perdi na essência dela.
E aquela cadeira me absorveu.

Sem notar, pouco a pouco,
Envelheci. Gradualmente perdendo as cores,
E a utilidade.
Mimetizando, sem identidade.

E ninguém notou, se quer que aos poucos,
Fui desaparecendo, escondendo,
Percorrendo um caminho único para dentro de mim
Absurdamente.

Tomei a essência dos móveis.
Tomei a essência das sombras...
E esqueci a essência humana, que me definia anteriormente.
Antes de eu parar de viver...

Para simplesmente existir,
Como os móveis.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Contrária




Não há força na minha fraqueza.
Não levantarei se eu cair,
Permanecerei inerte esperando
A tempestade de dor levar-me para o mar
Onde me afogarei longe do mundo.

Não vou fingir que não sinto dor,
Muito menos que sinto amor.
Neste peito meu há o negrume...
Daqueles que não nasceram para a luz.

Não vou prometer nada,
Não cumprirei nada.
Minha missão na vida,
É ser verdadeira...
Nem que para isso eu tenha de ser contrária..
A você.

Medos


Eu tenho medo do tempo que passa
Tão rápido que eu nem vejo
Eu tenho medo dessas datas
Que ficam apenas marcadas no calendário

Dessas fotografias que tinham sorrisos...
Cheias dessas decorações que lembram o paraíso
Eu tenho medo do que há por trás das máscaras,
Que depois de tanto tempo entendi.

Eu tenho medo dessas pessoas,
Cheias de ideologias, que gritam noite e dia,
Paz, amor, democracia, filosofia meu camarada,
E depois que o sol se põe não fazem nada.
São só gritos.

Eu tenho medo -  desesperada
Da ajuda que nunca chega
Desse Deus que por vezes me desampara
Que passas Senhor? Tens raiva de mim?

Eu tenho medo e isso me incomoda
Esse medo de alguém que ia vir para a vida minha...
Não chegar.
Medo de permanecer assim, para todo o sempre
Sozinha. 

Enlace




Que infortúnio tu trazes a meu viver bela Dona.
Seus olhos tentadores, luzentes.
Cheios de pecados.
Mestres toquem a marcha fúnebre...
Estou a ponto de morrer de amor.

Minha bela amante de lábios rosados
Candura traz em seu colo
Amor traz em teus olhos,
Que olhos, meu Deus, que olhos!

E por ventura me tens cativo
Escravo, a teu dispor.
Quero valsar contigo,
Chopin toque, por favor.

E vou-me enamorar desta formosa Dama.
Que tudo tem para me apetecer na cama
Ou quem sabe sobre um divã.
Formosa Dama leva contigo meu lenço.
Estou certo de que não te verei amanhã.


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Não há lugar para pousar




Não há onde pousar.
Pedi asas,
E apesar de tê-las
Não tenho lugar para pousar.
Castigo será voar infinitamente,
Pelo universo
Como um viajante que nunca tem um lugar
Para pousar.
E depois de tudo invejar os homens
Que tem lugar para pousar,
Mas não tem asas...

Interlúdio








Há uma célula em mim que quer respirar e não pode.
Quer viver a ínfima paz e não aceita.
Quer bater de porta em porta
Mas teme não receber
Nem um minúsculo verso
-de dor, de amor, de ódio.

O ser humano não sente mais
Finge que sente
Grita que sente
Mas é só mais um coração batendo
Função natural da vida
Como qualquer animal.

Oh meu senhor,
Há uma dor alucinante  no meu peito,
Aqui dentro,
Eu quase não posso suportar.
Sangro pelos olhos, são lágrimas.
E agora que me dói os pulsos
A dor no peito pode se acalmar.
  
Oh meu senhor,
Há qualquer coisa de desprezível nessas pessoas
Que tanto olho e não consigo ver,
Que tanto leio e não posso entender...
Que tanto ouço e não posso compreender...
Será nelas, ou será em mim?

Há algo em mim que
Oxida,
O espaço a meu redor.

E senhor, se eu lamento tanto.
Em pranto a teus pés.
É porque minhas células não conseguem respirar.
Não há sentimentos para sentir.
Apenas a dor que não consigo conter.
Nesse breve interlúdio que uns chamar de viver
E eu chamo de existir. 

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Ideia



A ideia perdeu o acento
eu não sei onde me sento
eu nem sei se sento
ou se permaneço em pé. 
Eu nem sei se acredito
Eu nem sei se mistifico
se critico,
se resvalo.
Resguardo, recrio...

Não, não posso recriar...
pois minha idéia não tem sentido.

Tornou-se ideia.

Sem acento. 

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O homem e a chuva...





Ele saiu sem guarda-chuva
Mas o dia estava tão cinzento,
Logo, logo iria chover...
Aquele mormaço agourento

Caminhou pela calçada,
Mãos nos bolsos, esperando.
Estava esperando a chuva.
A chuva fria.

E ela chegou.
Admirou-a, acariciou-a
E se deixou acariciar.
Enquanto todas as outras pessoas se escondiam.

Ele saiu sem guarda-chuva,
Sem proteção, sem preconceito.
Porque ele queria absorver a essência...
A essência primitiva e crua da chuva.

Apenas Um Beijo


Beija.
Boca vermelha de carmim cremosa,
Desenhada, pintada,
Só pra você.

Morde os lábios.
É sensual. A ti desperta desejo?
Essa boca vermelha
Pintada só pra você?

Beija,
Desnuda com os lábios,
Essas sinuosas linhas,
Adornadas de um vermelho
Que criei misturando cores só pra você!

Não te ofereço amor nestes lábios vermelhos,
Nessa pele tesa que podes tocar,
Eu te ofereço meu caro,
Apenas um beijo...
Para saborear...

Desejas?!

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Rastro de sangue pelo caminho



Arrancou-me um pedaço do coração.
Com os dentes, nada de sensual.
Foi humilhante, foi brutal
Foi um roubo, destruição.

Mastigou e cuspiu a meus pés.
O pedaço mais importante do meu coração.
Sem oferecer chance de defesa.
Sem poder planejar a vingança.

Vi, senti a dor, a clausura de possuir
Um coração pela metade,
De ser infinitamente covarde
Com medo de viver com meio coração.

Agora entendes que esta é uma revelação?!
Explica porque há tanto rastro de sangue
No caminho que ficou para trás.
Eu vivo com um coração pela metade.

E que sangra constantemente. 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Devolva-o



Uma única ideia permanece de pé.
Um arrepio percorre a espinha
Em cima da mesa uma carta
E pétalas vermelhas daquela flor- que você esfacelou.

Esquivo-me. O papel me atrai.
Engano-o, mas é mais forte.
Capta minha atenção.
É tarde, tenho o papel nas mãos.

Sinto a minha expressão mudar.
Espanto, suspense, explosão.
Desce-me quente pelo olhar
Lágrimas em profusão

Silêncio. É o anúncio da partida.
O mundo parou.
Silêncio. Lá foi você minha vida.
O relógio na parede ficou estático.

Sabia que tinhas partido. – O papel só confirmou.
Sabia que não restavam vestígios teus.
Mas não sabia que deixarias o teu coração
E que levarias contigo o meu...

Devolva-o. 

Eu quero prosa!




Eu quero prosa. Não poesia.
Eu quero ser lúcida e coerente
Eu quero ser compreendida, entendida.
Não, eu não quero versos...

Eu quero prosa. Ser essa criação estupenda.
Que ao mundo faz espantar e conquista.
Eu quero prosa, eu quero conto, eu quero fugir dessas rimas.
Não, não, não eu não quero poesia.

Mas ninguém me ouviu...
Imprimiram no meu coração a tristeza, a dor, a agonia
E levaram a lucidez, a coesão,

Quem me compreenderá? Quem me entenderá sendo poetisa?!
Aqueles que tiverem mais que inteligência
Mais que percepção,
A poesia é para os que tem coração (ou não).

domingo, 18 de novembro de 2012

Causa Nobre




Cambaleava de dor, de angústia
Hoje queria morrer num copo de cachaça.
E bebeu até ter a vista turva,
Mas a dor de sua alma não passava.

Caiu do banco da praça, estatelou-se no chão.
Lutava para por-se em pé.
Mas seus sentidos lhe fugiam, estava sozinho.
Em meio a multidão.

Até que outro senhor,
De roupa já gasta, talvez um vendedor.
De qualquer bugiganga
Ofereceu-lhe a mão para levantar.

Entendi que muitos estão empenhados
Nas ditas causas nobres
Mas na vida real,
Só vejo é pobre ajudando pobre...

Os outros estão de braços cruzados.

Eu quero a solidão


Eu quero a minha solidão
Assim como quero a luz do dia
Para iluminar o meu caminho
Os raios de sol para me aquecer

A solidão é meu momento íntimo
É me olhar no espelho
Sem roupas e ver refletido
Aquilo que sem dúvida eu sou.

Eu quero a minha solidão
Para respeitar a mim mesma,
Os meus princípios, os pensamentos.
Por que é na solidão da alma que vem o silêncio.

E é no silêncio que eu escuto meu eu.
Momento em que me entrego, me reconheço,
Momento em que posso me apaixonar por mim.


terça-feira, 13 de novembro de 2012




Senhor rendo-me a teus pés
Rendo-me a teu encanto
Porque quero saber,
Que de pesaroso havia em teu coração
Que palavras não podiam expressar?
Que beleza sem par
Se debruçava sobre ti...?

Seria um desses anjos da noite,
Desses que você com palavras jamais assume?!
Foi esse anjo enfeitado com flor,
Que te causou tanto ardor?
Tanto, tanto ciúme?

Senhor, desperta.
A madrugada é senhora,
Essa é a hora dos poetas,
Chore por meus olhos agora.

Diga-me senhor o que havia em teu olhar
Ao dedilhar o piano,
Cá grita o peito meu embalado na canção: “ eu te amo”
O que, por Deus, gritava  o peito teu?!

Senhor, não me deixes dormir.
Sem saber que encanto, que pétala de flor?
No último momento embalou teus sonhos?
Eu que assim... Contigo junto a mim
Estou também sofrendo esses horrores da dor.

Como tu compuseste
Também quero compor,
A teu lado, em preces.
Imprimir nesta vida meu último ato
E dedilhar no papel,
Meus últimos versos de amor. 

Súplica


Por favor, estou pedindo amor.
Então estremeça.
Por favor, estou declamando.
Diga que também não me tira da sua cabeça.

Diga que quer descobrir minha essência
Quer saber quem eu sou, quem fui ao longo dos anos.
Que está abobalhado, trêmulo...
Só porque eu disse que te amo.

Que não cabe em si de tamanha surpresa.
Diga que me responderá, e pensará em nós.
Porque eu te chamei
Porque na multidão que gritava, você ouviu o silêncio da minha voz.

Por favor, eu estou pedindo amor.
O seu amor... o seu...
Dê-me uma chance,
Não feche o seu coração,
Como eu fechei o meu.

domingo, 4 de novembro de 2012

Admiração


Admiro quem sabe amar.
A essas pessoas gostaria de cumprimentar.
Talvez ao tocá-las pudesse compreender
O amor.

Admiro quem sabe amar,
Para mim essas pessoas são como Deuses
Possuem o toque de Midas
Transformam tudo o que tocam

Admiro quem sabe esquecer
Esquecem todas as  juras que pronunciaram
Esquecem os corações que despedaçaram
É um mérito que se encontra em homens e mulheres...

Admiro quem sofre, admiro quem magoa
Quem para o barco, solta o remo,
E sai a nado,
Mudando o curso de tudo, surpreendendo.

Admiro as pessoas que passam por outras pessoas
E deixam suas iniciais.
Eu passo em branco por esta vida.
Esperando tão somente, ser absolutamente esquecida...
E apenas admirar...

Deixa eu falar...?


Que saudade de sentir esperança.
Que saudade da chuva.
Que saudade do tempo em que podia acreditar nas pessoas...
Que tudo era riso,
Que eu era criança
Que não tinha essas opiniões tão fortes
Que fazem as pessoas se afastarem...
Saudade desse tempo
Em que eu sentia no peito
a esperança...
por algo que eu não sabia nem o quê.

Mas agora meu peito murchou,
e essa flor não pode mais brotar...
Agora a desilusão tomou conta,
a fé se foi com as mentiras...
e no peito meu, já não há esperanças...

Que saudade de sentir Esperança...

sábado, 3 de novembro de 2012

Palavras que falam




Se não posso escrever,
Apenas ignoro meus sentimentos
Nesses momentos sobram palavras
E falta-me silêncio suficiente para entendê-las.

Silêncio para ouvir o som
Dessas palavras torturantes,
Sufocadas dentro da mente
Silêncio para sentir nas entrelinhas o significado...

Se não posso escrever,
Ignoro os sentimentos a minha volta.
E espero o silêncio para ouvir
Essas palavras que falam...

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Crepitando





Crepitando, como fogo numa lareira, consumindo lentamente as lascas de madeira que ali colocaram, assim é o meu espírito, em movimento constante, em sonhos etéreos, em amores efêmeros. Sempre querendo, sempre oscilando, sempre buscando e no fim sempre determinando. A vida é incrivelmente um estado de mudança constante. O riso, a alegria, a mocidade e o envelhecimento, as lágrimas, a tristeza, a solidão, num ciclo infinito de erros, acertos, altos e baixos.
Mas o que importa não é quantas vezes estejamos entre erros e acerto, ou altos e baixos. O importante é movimentar este ciclo infinito. 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012





Dessa vez eu não posso te tocar
Vejo que tu és como a linha do horizonte
Que recua, se afasta, se distancia.
Quando tento me aproximar.

E eu não posso falar, declamar, recitar,
Se tu já não podes me escutar
Porque essa dor já me consome,
E entre sussurros e gemidos eu balbucio teu nome.

Sei que tudo se foi
Tuas lembranças
Tua presença,
E a única cura para minha doença.

Sei que desta vez não vais me olhar,
Porque miras o futuro
E inevitavelmente, este ser doente que te escreve,
Está retratado no teu passado.

Eu sei que desta vez para mim já não há salvação
Estou aqui perdida, nesta neblina.
Onde não consigo decifrar
O que é verdade ou o que é ilusão.

Porque dessa vez
Não há você em meu desvelo
Para me despertar com um toque
Dos meus terríveis pesadelos.

sábado, 20 de outubro de 2012







Se seu coração sufoca,
Com a certeza do fim
Não sofra antecipadamente
Não machuque sua mente
Não destrua seu coração.
Apenas CHORE.

A loucura do dia a dia suga sua força
Tritura com a solidão opressiva
Fere com palavras ofensivas
E você pensa: “Por que não chega logo meu fim...”
Porque o fim não é a morte
Porque o fim não vai trazer a paz.
Não vai trazer luz...

E quando tudo isso se juntar numa redoma
De dor e desânimo
Numa intolerante e insuportável baixa autoestima,
E você sente a loucura se apoderando de sua mente sã
O ar faltando e a agonia tomando a última réstia de lucidez

Não se entregue.
A batalha pela vida só está começando.
LUTE. 

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Sempre



Sempre chorando no abismo do meu silencio

Sempre presa no espaço limitado da esperança

Sempre caída no vazio de um quarto escuro.

Sempre sofrendo as angústias dessa solidão

Tentando arrancar do peito o coração.

Tentando quebrar as amarras dessa prisão.

Sempre, sempre, buscando o amor...

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Estigma da Solidão


Terror nas lembranças
Sinal de marcas no coração
Cicatrizes que sangram pelos olhos
Se derramam em lágrimas dolorosas.

Ais, ais e gemidos ao escurecer.
Sinônimo de uma dor sem igual,
Que vi nascer e crescer
Dentro do meu coração.

Cicatrizes que o coração não consegue conter
E se espalha pelo corpo,
Sangramento que não é somente visível nos olhos
Agora está nos pulsos, na pele...

Dor interior que se transformou em indiferença
Tristeza que se tornou a rotina da vida
Poesia que  é a única terapia.
E sonhos  que agora  são a esperança.

Amargura e sarcasmos vão se acumulando, crescendo
O amor deixou essas marcas no coração, no corpo,
O amor me deixou impossibilitada de amar.
Esta é a  verdade deselegante que me fez chorar.

Com o complexo da nova era,
Com o destino na escuridão
Sou um desses que nasceu casado
Com o estigma da solidão.

domingo, 7 de outubro de 2012

Porque componho o amor?!






Continuo compondo o amor que tu não podes me dar...

Liberdade



Vivo prisioneira em minha própria LIBERDADE. 

Recusas...


E mais uma vez ouvi eles me dizerem:

“Eu queria amá-la,
Mas você não me inspira amor.
Todavia és bela, és doce, todavia
Nasceste somente para a poesia.

“Até queria amá-la como mereces,
Mas não posso forçar o coração desta maneira
Fingir algo que não existe e
Viver nesta brincadeira.”

“Permaneces com teus deleites
Com esse olhar sem cor.
Permanece prisioneira em tua liberdade
Desta arte de fazer versos de amor”.

“Senhorita perdoe-me
És moldura em minha cama,
Anjo perfeito que acaricia meu corpo,
Mas de verdade, meu barco não ancora em teu porto.

E outro vem recitar:
“Como inventar sentimentos que na alma não nasceu,
E que digo ao coração?
Perdoa, continua compondo o amor que não posso te dar.”

Poetas, poetisas, artistas,
Amam tanto e não inspiram o amor
Que sina é essa que me trouxe a poesia
Que moléstia. Que insulto.

Coloca-me nesta prisão...
Com a única missão de compor
Para os outros, os meus versos de amor
E depois viver na eterna solidão.

sábado, 6 de outubro de 2012

Fotografia


Agora é uma fotografia
Pendurada na parede
Que o tempo já deteriorou.

Agora é papel amarelado
Ainda protegido pelo vidro
Daquele porta-retratos.

Mas eu quebrarei o vidro
Que protege essa lembrança
E me desfarei dessa dança

Dessa falsa folia
Dessa fingida alegria
Que foi história

Agora são pedaços de fotografia
E vidros quebrados,
Dessa desventura que eu
Hoje apaguei da memória.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A realidade é outra


A realidade é outra,
Não é tão mascarada como esta que vejo,
Não é filme do cinema
Nem novela da TV,
Ou peça de Teatro.

Ali ninguém atua. Na realidade,
Estão todos caindo.
Estão todos desesperados
Buscando algo,
E quando não encontram
E quando é difícil,
Vão ficando pelo caminho,
Sucumbindo nesse caminho difícil.

Eu vejo alguns que mesclam as lágrimas com a poeira das ruas,
Ou misturam a dor com anestésicos,
E ficam dopados. Dopados para não sentir, jamais, como é doloroso estar vivo.
Outros misturam a dor com o sangue
E rumam para a morte.

E me lastima o coração,
Doi tanto e tão profundamente,
Porque estou abismada, confusa e desacreditada,
Desta cruel realidade.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

À morte do amor


A tua voz minha bela,
Ouvi ontem a noite da minha janela,
Cantavas uma linda canção,
Sem ritmo e sem afinação
Mas transbordando de emoção- cantava
Estava dançando,
Abraçando o nada
Eu parei abismado,
Havia dor em sua canção
Ela cantava uma canção fúnebre
Com lagrimas caindo no chão.
Ela cantava uma elegia
À morte do amor. 

domingo, 9 de setembro de 2012

Valsa da dor!



Deitei a cabeça de lado,
Visualizando o imenso céu alaranjado
Formando-se ao fim da janela,
A morte do sol, a chegada do noite. – Que coisa mais bela.

E recordei, maldição é a nossa memória.
Que impregna o coração e  os sentidos,
De coisas que viraram história
De coisas sem sentido.

Eu o recordo.
Aquela paixão torturante que senti um dia- e o amor,
Tento fugir mas todas as lembranças dançam comigo,
A minha triste valsa de dor.

Eu o recordo,
E surge uma trilha de lágrimas no meu rosto morno,
Não é sobre o tempo sobre o sol que morre,
Esse dilema não é pelo som do piano distante.

Esse drama é sobre mim.
E minha maldição histórica- o amor...
Mas eu creio no fim
O tema principal dessa  trama... a valsa de dor.

Foi-me um sonho
Foi-me sorriso
Foi-me amor,
Foi-me versos de poesia
E eu teu compositor!

Arde os olhos ao lembrar
Teu sorriso que perdição
Dói-me o peito ao recordar.
Os Trâmite da minha paixão.

Matou-me o espírito dentro do corpo,
A alma esfacelada deixou,
Porque mentiras e enganos,
Porque sujastes o meu amor...?!

Vês que ser vil deixastes?
Vês que perversa criastes?
Vês que me tornei amante da dor.
Porque me feristes e não há cura,
Para as feridas do amor.

Por favor, que tua sina traiçoeira
Termine comigo,
Que não destrua outro peito
Que não rompas outro coração.

Que em mim se encerre,
Tua trilha de horror,
Que jamais tire outra dama
Para dançar esta valsa de dor. 

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A poesia


Ela me chama,
Intima-me
Convida-me
Eu não posso dizer não.

Ela me envolve
Com seus afagos mortais,
Com seus suspiros carnais.
Invadindo meus momentos de paz.

Ela sempre me encanta.
Enclausura-me, me aprisiona.
Faz-me enlouquecer, com os olhos em chamas

“Não me tentes não me enlouqueça,
Não arranques o último vestígio
De lucidez- amada perversa.
Não me largue nesse caminho sem volta.

Mas ela não se importa
Ela não me ouve, não quer ouvir,
Apenas toma posse
Da minha alma, da minha vida, do meu existir.

Quebra todas as minhas barreiras;
Em minha mão coloca um objeto
Faz-me sua prisioneira.

Escraviza-me, hipnotiza.
Em transe começa a captar.
Todos os murmúrios do mundo,
E me obriga no papel anotar.

E me obriga a rimar,
E me obriga a harmonizar, a escolher.
As palavras perfeitas.

E quando tento fugir,
Tento escapar,
Se rir de mim
E me diz que marcou meu lugar.

É uma praga, é profecia.
Pois no fim eu vou retornar.
E me render aos pés dela: A poesia.