terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Interlúdio








Há uma célula em mim que quer respirar e não pode.
Quer viver a ínfima paz e não aceita.
Quer bater de porta em porta
Mas teme não receber
Nem um minúsculo verso
-de dor, de amor, de ódio.

O ser humano não sente mais
Finge que sente
Grita que sente
Mas é só mais um coração batendo
Função natural da vida
Como qualquer animal.

Oh meu senhor,
Há uma dor alucinante  no meu peito,
Aqui dentro,
Eu quase não posso suportar.
Sangro pelos olhos, são lágrimas.
E agora que me dói os pulsos
A dor no peito pode se acalmar.
  
Oh meu senhor,
Há qualquer coisa de desprezível nessas pessoas
Que tanto olho e não consigo ver,
Que tanto leio e não posso entender...
Que tanto ouço e não posso compreender...
Será nelas, ou será em mim?

Há algo em mim que
Oxida,
O espaço a meu redor.

E senhor, se eu lamento tanto.
Em pranto a teus pés.
É porque minhas células não conseguem respirar.
Não há sentimentos para sentir.
Apenas a dor que não consigo conter.
Nesse breve interlúdio que uns chamar de viver
E eu chamo de existir. 

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