De Tanto não querer existir
Acabei mimetizando,
Transformando-me
Misturando-me
Com os móveis da casa.
Perdi minha identidade,
Aquela vontade de querer viver...
Basta-me existir, como qualquer outro ser.
Inanimado.
E ninguém notou. Permanecia sentada naquela cadeira,
Fundindo a minha essência e a dela...
E me perdi na essência dela.
E aquela cadeira me absorveu.
Sem notar, pouco a pouco,
Envelheci. Gradualmente perdendo as cores,
E a utilidade.
Mimetizando, sem identidade.
E ninguém notou, se quer que aos poucos,
Fui desaparecendo, escondendo,
Percorrendo um caminho único para dentro de mim
Absurdamente.
Tomei a essência dos móveis.
Tomei a essência das sombras...
E esqueci a essência humana, que me definia
anteriormente.
Antes de eu parar de viver...
Para simplesmente existir,
Como os móveis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário