Ai de mim que estou embriagada de mim mesma
Buscando-te entre meus lábios
No murmurar da coruja.
Ai de mim que me encontro cativa.
Desse enevoado querer de emoções
Dessa boca que é só nostalgia
Desse meu que é só poesia.
Ai de mim que volto incauta
Intocada da religião.
Ai de mim que diante do padre
Não apresentei nenhum coração.
Ai de mim que devo punir-me
Para arrancar de dentro o pecado
Via crucis de mim mesma.
Rua deserta
Porta aberta
E cama vazia depois das cinco da manhã.
Outro pecado.
Ai que estou embriagada de mim mesma.
Um terço, um pão que é teu corpo
Um vinho que é teu
sangue.
E perdão.
Ai de mim...
Que se não fosse assim
Tão cheia de carmim
Seria límpida como a neve.
Ainda ai de mim que sou errante
Lunática, culpada
pela lei... Incorreta.
Ai de mim que te amo.
Ai de mim que sou poeta.
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