domingo, 26 de maio de 2013

Para que não morram como eu...



Ansiava por algumas palavras
Bebia daquele sinistro liquido de ansiedade
E se enfeitava.

Precisava captar algo daquilo
Que precisava- por isso assistiu filmes na TV
Lia pilha de livros
Dobrava maços de jornais.

Na TV não achou nada de verdadeiro
Tudo fantasioso demais.
Um dia desistiu da TV.
Perdeu o controle remoto entre seus pensamentos.

Embebedou-se. Já sabendo que jamais ouviria
Aquelas palavras que tanto queria
Desistiu das revistas
E também dos jornais.

Deixou de lado a cor.
Trancou-se no quarto
Já os sons lhe angustiava.
E perguntava a si mesma.
“o que faço por aqui?”

Permaneceu com os livros
Mas era sacrifício sair
Para adquirir novos
E foi ficando, amando os livros velhos.

Livros repletos de histórias
Cheios de sangue e de lágrimas
Dela e de seus poetas.

Um dia adoeceu.
Transladaram-na para um hospital.
Doença incurável.
Dessas que nascem na alma e se espalham pelo corpo.
Tudo poderia ter sido curado
Com uma frase dita por alguém.
E então em suas últimas palavras
Escreveu um verso.

“Eu os amo,
E confesso,
Para que não morram como eu”.

E deixou as palavras ficarem
Perdidas pelo ar
Para quem pudesse ouvir.

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