domingo, 9 de março de 2014

Minha Dona


Ela chegou ontem à noite.
Depois que eu dormi.
Desligou meu celular e sentou-se sobre meus pés.
Seu ar negro invade meu ar,
o frio de seus dedos tocando minha pele,
chovia lá fora como sempre chove,
e se ela chega se aloja, ela de forma alguma vai embora.
Meus docinhos jogou fora.
Guardou na mala meu casaco cor de rosa.
E disse que eu não devo evitá-la nunca mais.
 Escurecida, enegrecida, corria as mãos pelos meus cabelos,
penteando-os com seus dedos longos, brancos e frios.
Abraçou-me quando despertei. Quando a encarei surpresa.
E seu abraço dói.
Dói ser abraçada assim, por ela,
porque ela me abraça
e me dilacera
e vai arrancando pedaços de mim,
seu abraço me sufoca.
Ela me leva ao banheiro,
me lava dos resquícios de um sorriso.
Então ao final ela vem, com um desses objetos cortantes.
 Lembro que eu cheguei a implorar.
Mas ela sorri e diz que só há uma forma de entrar.
e me rasga o corpo.
Agora ela está aqui. Pulsando no meu peito.
Impregnada no meu sangue.
Reinando no meu corpo.
E eu, sou só uma súdita da solidão.
E ela é minha dona.

Nenhum comentário:

Postar um comentário