terça-feira, 18 de março de 2014

Eu e meus seres inanimados

Essa vida parece que nem é minha,
Parece bobagem o mesmo discurso, a mesma linha de raciocínio
.
Mas não importa onde eu vá,
eu volto pro mesmo lugar.
É este raciocino que me faz perder o sono a noite.
O que faria essa vida ser para mim?

Parece tão automato.
Eu sento no meu mundo.
E estabeleço uma distancia segura.
Diminuo a velocidade das coisas e deixo tudo passar lentamente,
como quem apenas assiste.

Expectadora.
Não sonhadora, não escritora.
Não poetisa. Não estudante de economia.
Eu sou expectadora.
Eu fico assistindo a vida acontecer
os pássaros voarem.
os prédios se erguerem
os casais se amarem
as crianças correrem
os cachorros crescerem
o mundo mudar.
e permanecer tudo igual.

O que faria essa vida ser para mim?
Uma festa? Um natal?
As comemorações
um cartão postal?
As pessoas estão por aí,
escrevendo nomes próprios
amando-os.
Colocando-os acima de tudo...
Se perpetuando.

É isso?
Não sei, isso ainda parece não me agradar.
Fecho a janela. Deixo a chuva açoitar o vidro. Por que sempre chove tanto?
Aperto John contra o peito,
Roger esquenta minha mão.
E me diz sabiamente que um dia teremos a resposta.

E juntos,
eu e meus seres inanimados
continuamos olhando as gotas de chuva,
pela janela de vidro.

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