Doutor, eu jurei
nunca mais escrever.
Jurei nunca mais
produzir uma rima.
E até ontem eu
estava resistindo.
Dizem que o poeta
morre quando
Cessa sua arte.
Esse é um diabo de
verdade!
Resido agora no
coma de um sonho antigo.
O sonho da morte.
Doutor, a penumbra
é intensa.
Eu clamava
vírgulas e rapazes bonitos.
Não comia, não
dormia.
A poesia me
escravizava.
A minha poesia
sempre foi doentia.
Possessiva. Destruidora e Amoral.
Não, doutor, minha
poesia não era imoral...
Era amoral... Uma
ausência de moral, mas não era vulgar.
Como se fosse uma
prostituta de luxo, bonita e mal amada.
A minha poesia era
assim, era o nada.
Era o amor que as
mulheres bebiam.
E Que os homens
vomitavam por terra.
Saía de minha
morada, buscando como uma viciada.
Uns traços de
poesias...
Doutor foi ai que
comecei a morrer...
Não havia mais
poesia. Nem letra concisa.
Nem poetas nem
poetisas...
E eu percebi que
também estava adoecendo.
Não tinha mais a
fonte, o meu alimento.
Doutor desde esse
dia, jurei nunca mais escrever uma rima.
Nenhum verso
branco de dor.
Nem pra ele um
verso de amor.
Nunca mais eu vou
escrever.
Mas doutor veja
que ironia.
Estou prostrada
nesta cama e tu me dizes que
Depois da meia
noite vou morrer.
E estou aqui
escrever...
A minha decadência
em poesia.
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