Para melhor compreensão ler este texto antes de iniciar esta leitura Malditos Miseráveis.
Sr. Escritor
Esta miserável sou
Eu.
Eu insisto em
sonhar.
Já fui anjo e me
arrancaram as asas.
Já fui sereia e me
afogaram no mar.
Que me restaria
nesse inferno de viver
Se não fosse
sonhar?
Eu posso mais
Senhor Escritor,
Eu posso porque
sonho, eu posso porque estou cinza.
E acredito que
sim, eu posso realizar.
Assim que eu tirar
essas pedras dos meus caminhos.
Essa miserável sou
eu Senhor,
Mas eu não tenho
voz.
Eles vieram, os
mesmos que me afogaram no mar.
E me arrancaram a
voz. Tiveram medo do meu Grito.
Deixaram-me apenas
palavras.
Que eu nunca
poderia falar.
Mas posso
escrever. Eu posso escrever!
As barricadas,
Miseráveis como eu
as erguem de medo.
Medo dos que nos
chamam de miseráveis.
Mas são apenas cadeiras
vazias.
Como tudo ao nosso
redor.
Você pode também
derrubar.
Esta miserável sou
eu,
Presa numa gaiola
com a função de cantar.
Pássaro que busca
liberdade todo dia.
Tentando roubar as
chaves.
Humilho-me, imploro,
rogo.
Dê-me as chaves.
Deus! Como sou
miserável.
Senhor esta
miserável sou eu.
A sua realidade
maltrata.
Faz-me rir quando
quero chorar.
E rimo, eu só
posso rimar.
Lembra-te sou
miserável, que canta mais não fala.
Que não tem voz.
Esta maldita
miserável sou eu.
Que estou cheia de
vontade,
De mudar a
humanidade
Mas há um abismo,
Entre os que
sonham
E os que nos
chamam miseráveis.
Senhor escritor,
A miserável sou
eu.
Veja na
prateleira, colocaram preço em tudo.
Mas sonhar, sonhar
ainda é grátis.
Desculpe senhor,
mas o ontem...
No ontem eu sei
como foi, ontem eu sonhei,
Bati em portas,
achei que conquistei corações,
Acho que sorri
também.
Mas durante a
madrugada eu voltei pra casa,
Sem nada no hoje.
Hoje, hoje eu não
tenho nada,
Até Ele eu perdi.
No ontem eu ainda
tenho esperanças.
Tola sonhadora,
esta sou eu
Você sabe o
maldito poder desta cadeira vazia?!
Você sabe que esta
pode ser a melhor peça.
Mas também a pior
comédia?
Deixa eu sonhar
que vão me aplaudir.
Não tire isso
também de mim.
Não senhor
escritor.
Até ontem eu era
sonhadora,
Hoje eu descobri
ser uma tola, miserável e patética.
Uma covarde
hasteando bandeiras numa lua que não existe.
Nós miseráveis
sonhadores estamos sempre desconfortáveis...
Com os pés
sangrando, e a alma em prantos.
Andamos por muitos
lugares nada confortáveis.
Erguendo-nos do
humo da terra.
Miseráveis.
Sim senhor
escritor,
E eu também sou a
miséria do mundo.
Trouxe-a comigo
Para não ferir
teus olhos.
Sonhar é fácil,
E falar...é mais
fácil ainda.
E foi assim...
Fui reflexo do
sonho que sonhei todos os dias
Dentro de um
espelho.
A verdade?
Eu queria ver meus
sonhos no reflexo.
Mas só há miséria.
Ai de mim. Que sou
tão miserável.
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