domingo, 5 de janeiro de 2014

Gênio...

Andava eu por ai à toa na vida, pensando e pensando nos porquês da humanidade, querendo saber tudo que podia ser e o que não podia.
Dançando melancolias vestidas de ponto de interrogação.

E num desses lugares, nessas minhas andanças,
eu cheguei a um lugar, vi olhos cheios de esperanças
em todos os rostos. Algo como se tivessem sobre o poder a pedra filosofal.

Acerquei-me e perguntei: Pessoas o que há?
-é um gênio. Achamos um gênio que nos concede desejos...
Então me veio a mente a curiosidade...

O que pedem as pessoas quando tem a oportunidade?
Elas podem ter tudo, num único desejo, um único desejo.
Elas podem ter tudo?

Acerquei-me da multidão ao redor da enorme lâmpada,
assentada num trono de ouro.
E algumas pessoas esfregavam a lâmpada, mas nada acontecia.
Curioso, outras pessoas iam e o gênio se erguia poderoso no ar.

Fraude!- pensei. Como pode existir por ai um ser mágico que nos concede desejos, sonhos, vontade apenas com uma esfregação na lâmpada dourada.
Aposto que é tudo farsa e não acontece nada.

Mas para meu desencanto e meu ego ferido.
O gênio ouvia o pedido
e imediatamente atendia.

Roupas, carros, casas, dinheiro,
poder, mulheres, homens, saúde,
Coisas, pessoas, o impossível.

E eu queria saber a cerca daquelas pessoas.
Elas ficariam felizes com aquilo?
Coisas que podiam ter fim? Pessoas que podiam deixá-las
poderes que podiam perecer?
Mas parecia que sim. A felicidade deles era entediante.

O gênio não era nenhum sábio - pensei.
Era só um entregador de coisa nenhuma.
E quando a multidão se dispersou eu me acerquei e chutei a lâmpada.
E ele não apareceu. Chutei mais.

Ele veio saber quem era a desaforada que chutava sua
preciosa morada, seu palácio, sua lâmpada.
-O que deseja, malcriada criatura?!

-Nada, eu queria conversar. Suponho que seja um sábio, um gênio e que saiba muitas coisas sobre tudo.

Ele se inflou todo. -E como sou! Pergunte.

Então eu perguntei de onde veio a vida. Por que a humanidade existia. Por que estávamos aqui, por que morríamos e nascíamos todos os dias. Qual o sentido de tudo isso, por que as pessoas matavam umas as outras. Por que existia miséria, fome, ódio. Por que existia o amor... religião... Quem era Deus. Quem era o homem em sua jornada. Perguntei o por que de tudo. Expus todas as minhas dúvidas e ao fim ele sequer conseguia respirar, e sequer responder.
Então para me tapear ele me ofereceu:

-Peça-me qualquer coisa. Eu te concedo um desejo.

E finalmente eu perguntei ao gênio a minha dúvida maior:
- Quem eu sou?

O gênio pensou, pensou, pensou... e depois respondeu:

-Bem, isso eu não sei responder, e por isso a você eu concedo três desejos...
-Se não pode me responder isso... nada pode me dar.

E foi assim que a todos o gênio passou a conceder três desejos, com receio de possivelmente o primeiro desejo ser exatamente o mesmo que o meu.

Um comentário:

  1. "Então eu perguntei de onde veio a vida. Por que a humanidade existia. Por que estávamos aqui, por que morríamos e nascíamos todos os dias. Qual o sentido de tudo isso, por que as pessoas matavam umas as outras. Por que existia miséria, fome, ódio. Por que existia o amor... religião... Quem era Deus. Quem era o homem em sua jornada. "

    Queria muito poder saber as respostas de todas essas perguntas...

    Você também não acha inacreditável que a maioria das pessoas viva uma vida inteira sem tentar descobrir sequer alguma dessas respostas? Dessa forma, nossa existência parece tão inútil e tão vazia...

    Adorei esse texto... Não me canso de ler suas palavras. Eu também escrevo poesias e, de verdade, há muita semelhança com as suas... É mesmo algo fascinante.



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