quinta-feira, 31 de outubro de 2013

À sensibilidade

Chorou um pranto que sequer podia
ver,
pegou um papel, amontou uma porção de papéis
do mesmo tamanho e grudou na parede.
Pintor que nem tela tinha.
Enxergando por seus dedos.
E disse-me: misture as tintas.
Mas ele não tinha tintas!
Então eu lhe dei meu sangue.
Ele tateou a parede,
sem nada ver
apenas a escuridão de olhos
sem utilidade.
Pensou em usar o pincel,
mas também não tinha.
Era pintor
que não tinha alcunha.
Usou as mãos.
Mãos que enxergavam um mundo inteiro
de doses horrendas de dor.
Mesclados com felicidade
jogados embaixo do tapete do amor.
Ele pintava,
meu sangue no papel
uma tela surgindo.
Lágrimas de seus olhos caindo,
por fim cansou.
Ele veio até mim,
Choramos nossas parcas lágrimas
também cansados do mundo.
Um poeta sem poesia
Um pintor sem tela.
Eramos nós
dois espectros na madrugada.

Imagem retirada:
Daqui

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