terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Moça triste

Vejam-na chegando,
Os olhos sem vida,
O rosto cansado,
Ninguém ao seu lado,
Ela sorriu.
Tão distraída.
Meio desiludida,
Cumprimentou-nos.

Sentou-se na praça,
Final de tarde era.
Um livro nas mãos.
Olhava o horizonte
E o nada com muito interesse.

Conta a lenda
As boas e más línguas
Que aquela já foi poetisa.
Tinha um gosto na vida.
Tinha amor no coração.

Agora veja os retalhos,
Costurados do peito...
Assim de qualquer jeito.
Piedade, tenhamos.

Cuidado, ela nos olha
Meu deus que terror
Há naquele olhar.
Dá medo, dá pena,
Capaz de fazer qualquer flor murchar...

Verdade, sigamos seguindo com os olhos
Aquele ser difuso que parece fantasma.
Vaga e só vaga por entre a gente,
Suspirando, chorando. Meu Deus que dor.

E vejam o rastro de sangue que deixas para trás,
É verdade entendamos... ela brilha na escuridão.
Prova viva de que levaram...
Um pedaço de seu coração.

Adeus poetisa, que viva e viva
Em versos do além...
Covarde somos nós...
Leve a nossa dor também.

Ela nos olha, compadecida  e resoluta.
Com o riso aceita a dor
que oferecemos...
E apenas nos diz num sussurro
Para que nós não lutemos contra o amor.

Adeus, adeus poetisa.
Adeus, adeus moça triste...

5 comentários: