quarta-feira, 2 de abril de 2014

Desperdiçada

Como água no chuveiro
gotas quentes descendo por um corpo frio.
A quietude de um domingo à tarde
molho de pimenta no pastel de frango
vendido por um cara na feira
que não era chinês.
Arde.
Eu tiro os sapatos e ando pela casa,
esquadrinhando os momentos
os sentimentos
os beijos e as pontas dos dedos.
lixo as unhas...
esqueço o diagrama
desenhado no céu,
renego a pátria.
Não falo nenhum idioma,
e quando a noite vem,
eu me escondo na sombra,
se eu fumasse acenderia um cigarro.
E leio
e choro baixinho.
No próximo domingo será o mesmo.
Minha mãe vai ligar
e dizer que eu deveria fazer mais.
-A vida minha é um desperdício.
Fosse outro,
fosse outra faria melhor.
Mas algumas vidas nascem para ser desperdiçadas.
Eu vim,
e foi por isso
para compensar os excessos
da falta de desperdícios.

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