domingo, 11 de março de 2012

Mais um adeus




Mais um adeus

Será mais um deus
A luz bate no rosto opaco
Vislumbro de  longe os passos seus
As batidas do relógio marco!

Sinto alegria nesse dispertar.
Mas no mesmo instante agonia.
Logo a noite vai chegar
Temo pedir para que não vá!

Outra vez terei sofrimento
Outra vez vazio
Outra mão fingindo sentimento
Outro beijo frio.

Recolhe suas roupas com cautela
Nada tem a temer
Movo meu corpo na cama,
Moves o teu rumo a janela.

É inverno, tudo é gelado
Mais um dia vai passar,
Você fuma um cigarro.
Dá vontade de chorar.

Diz-me que tome cuidado
Que não ame demais
Que tenha sempre a meu lado
Alguém disposto a dar mais- que eu.

Aproxima-se devagarinho
Passo a passo. Sorrateiro.
Toca meus cabelos com carinho.
Deixa algo em baixo do travesseiro.
Vestido. Liberto de mim.
Acena e se vai devagar
Abre e fecha a porta assim
Eu ouço um baque! Bah!

É Adeus. O lençol no meu corpo
Lembrança da minha virtude.
É adeus, novamente ao corpo
E disso dei mais do que pude.

Logo, logo acaba o dia.
Minha cama livre está
A noite chega, agonia.
Dá vontade de chorar.

Um comentário:

  1. Só a poesia traduz a alma de uma mulher.
    Por isso só os poetas as podem entender, parafraseando o grande Fernando Pessoa...
    Não pelo que eles escrevem, mas pelo que eles lêem.
    Conheço pouquíssimas mulheres que conseguem se expressar através da poesia, Klessya até nisso se supera, traduzindo não só seu sentimento, mas o sentimento de todas as mulheres, em momentos em que, infelizmente, para os homens, passam desapercebidos. Ao ler e reler esse texto fico fascinado, não pela identidade da personagem, mas pelo sentimento que ela revela e a indiferença do seu par... As mulheres são de Vênus, os Homens são de Marte. E amar... Ah amar.. cada vez mais uma arte. Incrível texto Klessya, parabêns!

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